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Portugal : baixos salários, produtos de média-baixa e baixa intensidade tecnológica e de conhecimento.

O modelo de desenvolvimento de Portugal dependente e muito vulnerável a crises como a actual.


Um dos aspetos que a grave crise de saúde publica, social e económica que enfrenta neste momento o país causado pelo COVID 19, tornou visível, foi a extrema fragilidade, dependência e vulnerabilidade da economia portuguesa o que determinou que os efeitos da crise estejam a ser devastadores, o que torna a recuperação muito mais difícil e demorada. E isto porque o modelo de “desenvolvimento” que continua a imperar em Portugal assenta fundamentalmente em baixos salários e em produtos de média-baixa e baixa intensidade tecnológica e de conhecimento.


Em 2020, o custo hora da mão obra na Zona Euro era superior em 105,7% ao de Portugal, e o da U.E (União Europeia ) era 81,5% mais elevado do que no nosso país. 


Portugal continua a ser um maná para as empresas, nomeadamente as estrangeiras que pagam salários de países não desenvolvidos. Tudo isto mostra bem a sobre exploração a que estão sujeitos os trabalhadores portugueses.


Em 2018, a percentagem de produtos de alta tecnologia nas exportações totais portuguesas representou apenas 4%, enquanto a média dos países da União Europeia foi de 17,9%, ou seja, 4,5 vezes mais. O emprego em Portugal em setores de alta e média tecnologia representava, em 2019, apenas 3,3% do emprego total, enquanto na União Europeia correspondia a 6,2%. Estes valores revelam bem a fragilidade da economia portuguesa já que quer a estrutura das exportações portuguesas quer a estrutura produtiva do nosso país continua a assentar fundamentalmente em produtos de média-baixa e de baixa tecnologia e conhecimento, o que determina que a economia portuguesa, por um lado, seja extremamente vulnerável a crises e à concorrência externa e, por outro lado, esteja muito dependente de outros países em produtos de média-alta e alta tecnologia. 


Tudo isto é também uma consequência do baixíssimo investimento quer privado quer público feito no nosso país.


Em 2020, o stock de capital (investimento) por empregado era apenas 57,7% da média dos países da União Europeia e 50,8% dos da Zona Euro. E a previsão para 2021 é de agravamento desta relação. 


O próprio Estado dá o mau exemplo. Entre 2012 e 2020, o Investimento publico foi apenas de 34.012 milhões €, enquanto o Consumo de Capital Fixo público atingiu 47.300 milhões €. Isto significa que o novo investimento público foi inferior ao que se desgastou ou desapareceu pelo uso e pela obsolescência em 13.288 milhões €. Assim, é evidente que a produtividade do trabalho será baixa, e nunca teremos uma economia e um país desenvolvido. A obsessão do défice está a destruir o país, pois sem investimento não há nem uma economia forte nem progresso. 10 anos após a entrada da “troika”, o governo e as entidades patronais parecem nada ter aprendido para evitar a repetição da mesma situação.


Créditos : Eugénio Rosa

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